21 setembro 2012

Portuguesas Maravilha

Rita Egídio

Durante anos foi conhecida e reconhecida como uma das beldades que foi capa numa conceituada revista masculina. Após um período sabático dedicado ao nascimento do seu filho mais novo, eis que surge transformada numa das mais requisitadas DJ´s no mercado internacional.
A Algarve Mais apresenta-lhe a nova Rita Egídio, aka, DJ Rocky G. Elege África Minha como a sua película de eleição.

“ Esse filme tem uma energia muito própria, idêntica ao odor a terra molhada após uma chuvada.
E tem, acima de tudo, a determinação pela conquista de um objetivo. Durante os meus últimos anos de permanência em África, residi numa plantação, numa roça.
Vivi a terra, o cultivo e o crescimento de modo muito forte e intenso, mas simultaneamente muito simples e sábio: pegar num pedaço de terra repleto de mato, desbastá-lo, plantar ananases, vê-los crescer, colhê-los e comê-los.
Isso dá uma dimensão bastante matemática e pratica das coisas que por vezes complicamos. Basta ter um terreno e uma matéria-prima, criar um sonho e desenvolvê-lo. Talvez por ter vivido isso eu consiga com facilidade na minha vida uma visualização criativa, isto é, criar um objetivo e não perder o foco”.
Rita Egídio nasceu em Lisboa. Foi para S. Tomé e Príncipe com um mês de idade. “Para mim, S. Tomé é a minha terra, o meu país, a minha origem.
Sou portuguesa por ascendência materna, o meu pai é moçambicano.

Considero-me mais africana que europeia.
Viver em África no pós 25 de abril, com todas as carências e privações num país que está a reconstruir-se e não aceita os portugueses da melhor forma, foi muito importante.
Estudar em escolas sem infraestruturas, fez-me aprender a viver”.
Tal como sucedia noutras nações apressadamente descolonizadas após a revolução dos cravos, naquele arquipélago que acabava de soltar rédeas da metrópole, os bens de consumo escasseavam.
“O problema não era tanto a falta de dinheiro mas sim a falta de opções.
Não era possível comprar um bife de vaca porque não havia à venda, não se conseguia comer queijo flamengo porque ninguém tinha, era impraticável comprar um bolo porque, ou não havia farinha, ou faltava o fermento”.

Fazendo jus ao ditado «a necessidade aguça o engenho», Rita teve que inventar soluções para criar os seus próprios objetivos.
”Este estado de coisas desenvolve capacidades. Além de ensinar a valorizarmos as coisas simples, passa a existir intrinsecamente um enorme respeito pela humildade que obrigatoriamente todos temos que ter na vida para nos instruirmos com toda a gente.
Desde o idoso que vive na roça e que conhece muito melhor a natureza que nós, até ao empresário bem sucedido”.

Com cinco anos de idade, era vulgar Rita e os familiares partilharem animadas refeições com o Presidente da República de S. Tomé e Príncipe, mas do mesmo modo sentava-se divertida à mesa com os empregados que asseguravam a manutenção da casa dos pais.
“Isso ensinou-me a saber respeitar toda a gente do mesmo modo”, enfatiza, destacando a importância de ter usufruído de uma “educação um bocado pés descalços, livre e com muitas asas.
Sempre perto do mar e de muitas realidades completamente distintas.
Em África, aprende-se a manter a mente sempre aberta de modo a estarmos aptos a aprender e lidar com todos.
É fundamental estarmos constantemente cientes da nossa evolução permanente”. (...)

texto in algarvemais.pt
fotos Google
JJ edição fotos

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