Betty Boop Empresária
http://youtu.be/3ccE8_MCWmI Betty no filme Branca de Neve de 1933
http://youtu.be/rIC-jncQbKk Betty no filme a cores CINDERELA 1934
Cada época cria os seus mitos,
que frequentemente misturam arquétipos inesquecíveis com o estilo do momento.
Os Estados Unidos dos anos 1930 criaram, entre outros mitos, Betty Boop, uma
menina-mulher cuja ingenuidade relembra inconscientemente os tempos da inocência,
da idade de ouro que ficou no passado. Claro que o personagem tem elementos de
modernidade: o seu gosto pelo jazz, certo feminismo, um erotismo que seria
proibido em décadas anteriores…Entretanto, por sua faceta de boa menina, o
erotismo também parece saído de um imaginário muito antigo. Dessa forma, não é
nenhuma surpresa ver que os desenhos animados dos irmãos
Fleischer, em várias ocasiões, Betty encarna heroínas de contos de
fadas, tornando real uma vez mais a união entre a tradição universal e modernidade.
Sem dúvida essa é a razão da sua longevidade, pois se o personagem de Betty só
tivesse sido marcada pelos anos 1930, provavelmente teria perdido todo o seu
atrativo aos olhos do público do século XXI.
Betty e os contos de fadas
A Boop Girl em várias ocasiões
teve a oportunidade de encarnar heroínas como Branca de Neve e Cinderela ao
longo da sua carreira cinematográfica. Os produtores dos filmes de Betty Boop
frequentemente divertiam-se recriando géneros tradicionais, especificamente os
contos de fadas. Assim, em 1931 fizeram o filme Dizzy Red Riding Hood, título
que poderíamos traduzir por “A estonteante Chapeuzinho Vermelho”. Nessa época,
Betty era somente a amiga do cachorro Bimbo,
o herói da série dos Talkartoons, mas evidentemente, quem interpretava o papel
principal de Chapeuzinho Vermelho era ela. Quando Betty vai pelo bosque, Bimbo
mata o lobo mau que tentava devorá-la…e acabava ocupando ele mesmo o lugar da
avó! Naquele ano, os estúdios Fleischer estrearam também uma versão muito
pessoal de João e o Pé de Feijão. Depois de Bimbo plantar os feijões gigantes,
o Ogro faz de Betty sua prisioneira no topo da
planta, obrigando-a a cozinhar para ele. Uma vez mais, Bimbo é quem libertará a
sua venerada, antes de voar para longe do Ogro nas asas de uma galinha mágica…
Carreira a solo
A partir de 1932, Betty passa a
ser tão popular que concedem-lhe a sua própria série, na qual o cachorro Bimbo
só aparecia em poucas ocasiões. Encarnando ainda as grandes heroínas dos contos
de fadas, em 1933 faz o papel de Branca de Neve,
num filme que recriava de maneira totalmente louca a história imortalizada
pelos irmãos Grimm. O príncipe encantado,
por exemplo, foi substituído pelo palhaço
Koko, outro personagem que era estrela
dos estúdios Fleischer e amigo de Betty. O personagem foi dobrado no filme pelo
famoso cantor Cab Calloway, para grande
prazer do público. Infelizmente a versão produzida quatro anos mais tarde pela
Disney, a grande rival dos Fleischer, tiraria definitivamente de Betty o trono de Branca de Neve… Por outro
lado, Pobre Cinderela
continua sendo muito popular entre os amantes da animação e, de facto, trata-se
do único filme colorido de Betty, que nos surpreende…ruiva! A técnica da cor
era totalmente nova nessa época, e os irmãos Fleischer acharam interessante
dar-lhe essa cor de cabelo.
A miniatura
Quando pronunciamos o nome de
Betty Boop, lembramo-nos mais rapidamente dos clubes de jazz do Harlem do que
dos arranha-céus de Wall Street. E, no entanto, Betty sente-se muito à vontade
no mundo dos negócios. Evidentemente, quando precisa lidar com uma negociação,
deixa no armário os seus conjuntos mais atrevidos. Sóbria e com a camisa
totalmente abotoada, a sua roupa de Business Woman permite-lhe enfrentar os
concorrentes mais temíveis. Ainda assim, reconhecemos o “toque de Betty” na
maneira de combinar o cinto com os brincos, e o comprimento bastante curto do
seu vestido!
Vampiresas na tela
Dorothy Lamour
Depois de ter debutado no mundo
da canção, no começo dos anos 1940 a heroína de A
Princesa da Selva, transformou-se na sexy symbol mais “exótica” do
cinema norte-americano. Embora fosse chamada de “A princesa da selva”, Mary
Slaton na verdade nasceu em New Orleans no dia 10 Dezembro 1914. Quando ainda
era criança, a sua mãe casou-se pela segunda vez, com Clarence Lambour, de quem
usou o sobrenome. As dificuldades financeiras da família levaram a adolescente
a deixar o colégio para se dedicar ao secretariado, mas sonhava em ser cantora.
Eleita Miss New Orleans com 17 anos, foi tentar a sorte em Chicago. Embora no
começo tivesse de se conformar em ser ascensorista de um grande shopping, logo
conseguiu ser contratada na big band de Herbie Kav,
um jazzman com o qual casou em 1935. Com o nome artístico de Dorothy Lamour,
não demorou a fazer certo sucesso na rádio e nos cabarés da época.
Jungle Princess
O físico e o temperamento da jovem eram bons motivos para
atrair a atenção dos estúdios. Contratada em 1936 pela Paramount, triunfou em
The Jungle Princess, Wilhelm Thiele, 1936, um filme no qual ela representava uma
espécie de Tarzan feminino. Naquela época o estúdio a fez interpretar belezas
exóticas numa série de filmes com títulos evocadores. As roupas que a atriz
usava nessas produções causaram tanto furor que a imprensa passou a chamá-la de
“a moça do sarougue”. Dorothy também apareceu em obras mais ambiciosas,
colaborando com grandes cineastas como John Ford, Frank Borzage e Henry
Hathaway.
Os
anos 1930 dos Estados Unidos
John
Dillinger
Enquanto Al Capone acabava de ser condenado e Bonnie e Clyde semeavam o medo em vários estados,
outro criminoso transformou-se em 1933 no terror das autoridades. A América da
Depressão era também a dos gangsters. John Dillinger, que devia o seu nome
germânico ao avô originário de Metz, nasceu a 22 Junho 1903, em Indianápolis. Esse
menino travesso transformou-se num adolescente difícil, a ponto do seu pai,
comerciante, decidir deixar a cidade para se instalar no campo. Contudo, o ar
puro não curou a instabilidade do jovem Dillinger, que se alistou no Exército
para desertar pouco tempo depois. O seu casamento, em 1924, também não o
acalmaria, e o divórcio chegaria cinco anos mais tarde. Enquanto tentava
procurar trabalho, o jovem assaltou uma loja de alimentos, delito que lhe
custou 5 dólares (além de uma pena de dez a vinte anos de prisão, pois logo
depois foi preso).
Fazendo escola
Como na prisão fez amizade com
criminosos de verdade, Dillinger logo
passou a conhecer todos os truques da “profissão”. Após ter sido posto em
liberdade condicional depois de oito anos – graças ao esforço de seu pai –
assaltou um banco no dia 22 de Setembro de 1933, Foi preso de novo, mas dessa
vez os seus cúmplices ajudaram-no a fugir. Dillinger transformou-se então no
líder de uma quadrilha que saqueava a região. As artimanhas que utilizava para
esvaziar os bancos sem que houvesse derramamento de sangue eram famosas: fingia
ser um representante do sistema de alarmes, ou então um diretor de cinema em
busca de um local para rodar uma cena de sequestro com reféns… Contudo, os
ataques às delegacias, onde a quadrilha se abastecia de armas, eram mais
violentos. Dillinger e os seus homens foram acusados pelo assassinato de vários
agentes, motivo pelo qual o BOI (agência percursora do FBI, de J. Edgar Hoover)
lançou-se à sua caça.
O rei da fuga
Começou então uma louca fuga, de
Chicago ao Texas, passando pela Flórida. Depois do incêndio do hotel onde
estava, os foragidos foram reconhecidos pelos bombeiros. Acabaram de novo atrás
das grades, mas o advogado de Dillinger conseguiu entregar-lhe uma pistola
falsa de madeira, que o ajudou a fugir novamente. Os agentes do BOI redobraram
os esforços, mas o criminoso escapou em mais duas ocasiões: primeiro em
Chicago, onde tinha formado uma nova quadrilha; depois num bamgalô de Wisconsin
(onde um agente morreu em consequência do tiroteio). Contudo, no dia 21 de
Julho de 1934 uma prostituta romena ameaçada de ser deportada aceitou
“entregar” Dillinger: deveria ir no dia seguinte ao cinema, com o gangster e a
sua companheira da época. No dia 22, os agentes do BOI esperaram que terminasse
a sessão em frente ao Biograph Theater. Na saída, Dillinger deu-se conta da
presença deles. Tentou fugir, mas logo caiu, atingido mortalmente por cinco
balas…
JJ fotos
SALVAT
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