Betty Boop
Enfermeira
Marfinite 15 cm - base 5x5 cm - extras: pormenores de
pintura, acessórios da base.
O sucesso de Betty Boop deve-se em parte, à forma como os
seus cartoons misturam habilmente fantasia e realidade. Por um lado, a
aparência de Betty, uma bela jovem morena, lembra muito a das norte-americanas
dos anos 1930. Por acaso a jovem diva não deve constantemente solucionar
problemas, provocados, na maioria das vezes, por um ambiente masculino que nem
sempre é muito prático? Além disso, o universo desses cartoons também ilustra
uma vida urbana às vezes difícil, uma realidade quotidiana oposta ao inocente
otimismo das produções Disney da época.
O público americano da Grande Depressão pode encontrar nas aventuras de
Betty Boop o reflexo das suas próprias dificuldades. Entretanto, esses cartoons
também levam os espectadores para longe da realidade sobretudo graças ao
especial atrativo da sua heroína. Dessa forma, Betty é a mulher na qual
desejariam se transformar todas as americanas, para satisfazerem a si mesmas e
aos seus maridos. Uma identificação que se acentua ainda mais com as múltiplas
tarefas que a pin-up se diverte em interpretar, tão confortável no seu papel de
sofisticada mulher da cidade quando no de encantadora enfermeira.
Nos cartoons dos anos 1930, Betty Boop não tem sómente um
físico invejável, mas também uma voz inconfundível entre mil. É a voz de Mae Questel, atriz cuja carreira ficou para sempre
associada à de pin-up girl. Embora no começo da aventura de Betty Boop muitas
mulheres tenham emprestado as suas vozes à bela morena, uma delas logo seria
escolhida pelo estúdio Fleischer como intérprete exclusiva de Betty. A atriz
Mae Questel, nascida no Bronx em 1908, faz sua apresentação num cabaré na mesma
época em que Max Fleischer está procurando uma atriz para os seus novos
desenhos animados. Por puro acaso, o produtor assiste ao espetáculo uma noite,
no qual a jovem imita a vedeta Helen Kane,
que foi uma das fontes de inspiração de Betty Boop.
A jovem é contratada no
mesmo instante. Obviamente, ela não teria nenhum problema para sussurrar o
célebre “Boop boop a doop” de Betty, empréstimo também de Helen Kane. Além
disso, Mae revela ser uma extraordinária imitadora: consegue copiar a voz de
dezenas de atores e reproduzir o som de todos os tipos de animais. Encantados
com as suas aptidões vocais, os irmãos Fleischer confiam a ela a voz da sua
heroína em quase todos os cartoons realizados durante os anos de 1930. Daquele
momento em diante, todo o mundo conheceria Mae Questel com o apelido de “Betty
Boop girl”.
Quando a série de Betty Boop termina, no final dos anos
1930, Mae Questel não deixa de ter trabalho, já que, desde 1933 o estúdio
Fleischer também confiou a ela a tarefa de colocar voz em Olive Oyl, isto é, a
Olívia Palito, esposa de Popeye, o marinheiro. Esse novo papel só faz aumentar
a fama da atriz, e, ainda mais considerando que a série de desenhos de Popeye,
duraria muito mais que a de Betty Boop.
Mae Questel faz a voz de Olívia até
1957. Durante a guerra também empresta a sua voz a Popeye, quando o ator que o
dobrava normalmente teve de cumprir com as suas obrigações militares!
Entretanto, apesar de todos esses serviços, Mae Questel teve de suportar uma
afronta: foi obrigada a passar por uma audição para o lançamento de uma série
de desenhos animados de Popeye durante os anos 1960. Ainda mais grave que isso
foi o facto de não a contratarem para interpretar a Olívia! Por sorte, paralelamente
a atriz participa de grandes sucessos no teatro e roda alguns filmes, entre
eles “Histórias de Nova York”. Obviamente, quando Boop volta a aparecer no
filme “Uma cilada para Roger Rabbit (Who Framed Roger Rabbit) de 1988, foi Mae
Questel quem de novo emprestou a sua voz.
O Código Hays, regras de autocensura que entraram em vigor
em 1934, assim denominado pelo sinistro senador William H. Hays, pretendia
conseguir que os cartoons de Betty fossem muito mais “decentes”, já que ela
continuava sendo o símbolo de uma transbordante sensualidade. Não era de
estranhar vê-la vestida de enfermeira, a fantasia por excelência de tantos
espectadores norte-americanos e de todo o mundo, A sua ínfima bata branca
parecia quase ter sido inventada exclusivamente para que Betty a usasse
voluptuosamente, revelando uma silhueta cheia de curvas. A única dúvida era se
uma roupa como aquela conseguiria baixar alguma febre...
A grave e longa crise económica dos anos 1930 continua sendo
um dos maiores traumas vividos pelos Estados Unidos, que naquele momento
acreditavam que o seu crescimento jamais se deteria, até que o sonho se
transformou em pesadelo. O dia 24 de Outubro de 1929 constitui uma das datas mais
conhecidas da história dos Estados Unidos. Esse dia é a chamada “quinta-feira negra” na qual ocorreu em Wall
Street uma quebra na bolsa de valores sem precedentes. Primeiro acreditava-se
que não seria grave, porém, alguns dias mais tarde, durante a “segunda-feira
negra” a crise demonstra ser mais preocupante do que o previsto, e a euforia
vivida pelo país durante toda a década anterior termina brutalmente.
Confiantes
no boom industrial dos anos anteriores, os poderes financeiros deixaram-se
levar por uma desenfreada especulação na bolsa, provocando a quebra de 1929.
Como um dominó, todos os setores económicos viram-se afetados, e centenas de
bancos fecharam. A crise da bolsa transformou-se então numa verdadeira crise
económica: milhares de pessoas são demitidas, e o país acaba com 15 milhões de
desempregados em 1933. Paralelamente, a crise foi-se estendendo pouco a pouco e
causa mais efeitos; de facto, as suas repercussões contribuem até mesmo para
aumentar a popularidade de Adolf Hitler na Alemanha.
No momento da quebra da bolsa, o presidente dos Estados
Unidos era Herbert Hoover que não conseguiu resolver a situação. Portanto, nas
eleições de Novembro de 1932 Franklin Delano Roosevelt toma o poder, e
empreende um programa que o fará famoso: o New Deal - Novo Acordo.
Altaya
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