20 agosto 2010

Portuguesas Maravilha

Marisa dos Reis Nunes 

Nasceu em Moçambique a 16 Dezembro 1973 e é o nome de nascimento da fadista portuguesa Mariza, segundo ela própria corrige na TSF à conversa com Carlos Vaz Marques em 2003, «cantadeira de fados».


Fado “Gente da Minha Terra” http://www.youtube.com/watch?v=TeOhPR_0x8E

Tem sido presença regular em palcos como o Carnegie Hall, em Nova Iorque, o Walt Disney Concert Hall, em Los Angeles, o Lobero Theater, em Santa Bárbara, a Salle Pleyel, em Paris, a Ópera de Sydney ou o Royal Albert Hall.
O jornal britânico The Guardian considerou-a «uma diva da música do mundo».

Infância e juventude
Marisa dos Reis Nunes nasceu na freguesia de Nossa Senhora da Conceição, na antiga Lourenço Marques, à época capital da província ultramarina portuguesa de Moçambique.
É filha de pai português, José Brandão Nunes, e mãe moçambicana, Isabel Nunes. Nasceu prematura, de seis meses e meio sem qualquer justificação clínica aparente, e, segundo declarações da cantora à SIC, o pai considerava-a o bebé mais feio que alguma vez vira.
Segundo ela «ainda tinha as orelhas coladas e os olhos por abrir» e o próprio pai pensou que não sobreviveria.

Ao colo da mãe, com três anos, chegou ao Aeroporto da Portela em Lisboa, pela primeira vez em 1977.
Na actual Maputo, o pai trabalhara como gerente de uma empresa Holandesa de nome Zuid.
Durante o êxodo das famílias portuguesas nas antigas colónias ultramarinas portuguesas, o pai abandonou Moçambique com a família mais chegada, escolhendo Lisboa para recomeçar uma nova vida. Instalaram-se em Corroios e mais tarde no n.º 22 da Travessa dos Lagares, na Mouraria.


Em 1979 reabriram o restaurante Zalala no bairro típico de Lisboa, Mouraria, berço do fado e frequentado por inúmeros fadistas de referência, como Fernando Maurício e Artur Batalha bem como Alfredo Marceneiro Jr que levou Mariza com 7 anos a cantar pela primeira vez num ambiente profissional na Casa de Fado Adega Machado. Zalala, hoje fechado, o restaurante onde Mariza cresceu, foi assim nomeado em homenagem a uma praia moçambicana.

Foi o pai que determinou o gosto da cantora pelo fado.
Segundo ela, o pai estava «sempre a ouvir fado e, na hora das refeições, nunca se via televisão; ouviam-se discos, sempre de fado…» Fernando Farinha, Fernando Maurício, Amália Rodrigues, Carlos do Carmo, entre muitos outros, eram os predilectos de José Nunes, e foram os que mais influenciaram a forma de cantar de Mariza.

Com cinco anos de idade, recebeu o seu primeiro xaile, e começou então a moldar a voz que a tornou famosa. Sobre o estabelecimento onde aprendeu a cantar o fado e onde actuou pela primeira vez aos cinco anos, já envergando um xaile negro, Mariza referiu:

Foi aqui que toda a história começou. Se calhar é aqui que vai acabar.
Tudo pode acabar de repente, tal como começou, e eu volto à minha Mouraria e à taberninha dos meus pais para servir dobradinhas e copos de vinho que não me chateia nada! — '

Ali cruzou-se «com tantos fadistas que as suas caras já se esfumam na memória».
O restaurante permanece fechado há vários anos mas ainda conserva na porta a placa com o seu nome e uma legenda que diz «O cantinho do artista».

Apenas na adolescência começou a ser levada a sério como cantora, mas os pais admitiram em várias entrevistas saberem que a filha tinha um «dom».
O primeiro fado que interpretou no Zalala foi Os Putos, de Carlos do Carmo, que o seu pai lhe ensinou fazendo desenhos em toalhetes de papel.
Ainda a menina não sabia ler, e era a forma de decorar os fados preferidos pelo pai, assim como Ó Ai Ó Linda e Menina das Tranças Pretas.


O recreio da escola primária da Mouraria era um palco para a menina de seis anos. Em entrevista ao Correio da Manhã, a antiga auxiliar de educação da escola, Dª. Fernanda, referiu qua a jovem fazia uma roda com as colegas e depois ia para o meio delas onde cantava, com as professoras de vigia nos vestíbulos ou atrás das janelas, para que não se sentisse constrangida.

Outro dos seus hobbies era o sapateado, praticado à porta de casa com caricas de Coca-Cola coladas nos sapatos.
Cantava em casa e, a cumprir o papel de microfone, utilizava latas de laca e desodorizantes. «Era a minha imitação do Fred Astaire!», declarou posteriormente.

Já na adolescência, Mariza passa a frequentar a Escola Secundária Gil Vicente.
Era hábito seu fugir de casa para ir ouvir as noites de fado para o Grupo Desportivo da Mouraria, onde permanecia à porta, já que não lhe permitiam a entrada.

Até se assumir como fadista cantou diversos géneros musicais como, pop, gospel, soul e jazz. Na época, não caía bem entre os amigos dizer que um dos seus hobbies era cantar fado.
Formou com alguns amigos uma banda de covers de nome Vinyl, e costumavam cantar no bar Xafarix, em Lisboa. Mais tarde formou os Funkytown.

A música brasileira era uma atracção para Mariza que viveu durante cinco meses no Brasil, no ano de 1996.

Foi numa das mais típicas casas de fados de Lisboa, o Sr. Vinho, propriedade de Maria da Fé e de José Luís Gordo, situada na Lapa, que Mariza começou a cantar mais profissionalmente. «Maria da Fé foi praticamente a professora dela aqui», segundo José Luís Gordo, que chegou a escrever dois fados para a intérprete.
A primeira música que cantou em público foi Povo que lavas no rio. Cantou também no Café Café, propriedade de Herman José.


Primeiro disco e internacionalização
Em 1998 actua, a convite da Caixa Económica Luso-Belga, em Bruxelas e Amesterdão.
Em 1999 é convidada por Filipe La Féria para a lista de cantores que homenagearam Amália Rodrigues num espectáculo no Coliseu de Lisboa (e depois no Coliseu do Porto), transmitido em directo pela TVI.
Entre as músicas que cantou estava Oiça lá ó Sr. Vinho e Estranha Forma de Vida.

O disco de estreia era para ser apenas uma edição privada, feita por insistência de João Pedro Ruela, mas acabou por ser editado em 32 países.
Não conseguiu contrato de nenhuma editora discográfica portuguesa.
No entanto, uma editora holandesa, a World Connection, decidiu apostar na fadista editando o seu primeiro disco em vários países.

2001 foi o ano em que Mariza editou o seu primeiro álbum, Fado em Mim, primeiro em Portugal e depois em 32 paises.
Entre as principais faixas do disco encontram-se Chuva, Ó Gente da Minha Terra e Oiça lá ó senhor vinho.

Já na sua primeira digressão pelo estrangeiro, Mariza pisa palcos como o New Jersey Performing Arts Center e o Hollywood Bowl.

O disco é uma espécie de tributo a Amália Rodrigues, já que muitas das músicas eram do seu repertório. Uma das músicas que conseguiu melhor repercussão foi Chuva. Barco Negro surge também numa versão bastante diferente da original, ritmada pela percussão de João Pedro Ruela.
Loucura, uma das mais emblemáticas músicas do seu repertório, iniciou não só este disco como dois dos seus principais concertos: o concerto em Lisboa, nos jardins da Torre de Belém, do qual se originou um álbum que recebeu uma nomeação para um Grammy Latino, e o concerto no Pavilhão Atlântico com convidados especiais, a 8 de Novembro de 2007, dado simultaneamente à festa de entrega dos Grammys para os quais estava nomeada.

Com este CD surgiram as primeiras tournés no estrangeiro e os primeiros prémios e nomeações. O primeiro prémio que recebe foi atribuído, em 2001, ao álbum Fado em Mim pela crítica alemã - Deutsche Schallplatten Kritik, com Mariza.

Deu os primeiros concertos fora de Portugal através de convites de vários teatros e salas.
Nos EUA, por exemplo, entre a plateia de um espectáculo estava a esposa do secretário de estado do país, Colin Powell, que se fazia acompanhar pela esposa de um senador. Apresentou o seu disco no Central Park de Nova Iorque e no Hollywood Bowl de Los Angeles, mas numa entrevista referiu ter gostado mais do espectáculo que deu no grande auditório do New Jersey Performing Arts Center, por ser um espaço mais pequeno e intimista.

O CD vendeu muito bem em Portugal, liderando os tops portugueses, tal como todos os restantes álbuns da fadista viriam a liderar (tendo em 2007 conseguido a proeza de ter 3 álbuns seus simultaneamente no top dos 15 mais vendidos de Portugal).
Nos Países Baixos também obteve sucesso comercial, assim como no Reino Unido e na Finlândia. Nos EUA o álbum chegou a atingir o sexto lugar dos mais vendidos na área de world music.

No Mundial de Futebol de 2002, interpretou o hino nacional português antes do início do jogo entre a Coreia do Sul, que jogava em casa, contra a selecção de Portugal.

Primeira digreção
Faz uma digressão pelo mundo, passando pela Tailândia, Itália, Holanda, EUA ou Espanha.
A convite da entidade reguladora do espectáculo, participou no Festival Womad 2002 (organização da Real World de Peter Gabriel), em Reading, no Reino Unido.
O seu concerto no festival de world music foi gravado e lançado numa edição limitada para coleccionadores, Live at WOMAD 2002.
Entre as faixas, as que mais se denotam são Primavera e uma imponente interpretação de Estranha forma de vida.

Em 2002, no decorrer da promoção deste disco participou pela primeira vez no programa da BBC, Later with Jools Holland, noutro programa de TV francês e foi capa da revista Folk Roots.
Depois retornou a Portugal onde actuou para sala cheia, no Rivoli, a 27 de Setembro, e no Grande Auditório do CCB, a 1 de Outubro, duas das grandes salas portuguesas de espectáculos.
Sobre esses dois espectáculos e em resposta à pergunta feita por vários jornalistas de várias publicações, Mariza fez uma declaração que ficou famosa e se tornou um emblema da comunicação social sempre que regressa das tournés do estrangeiro a Portugal: (...)


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JJ edição fotos

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