Calçada do Duque Pertence a três freguesias. À freguesia do SACRAMENTO todos os números ímpares, à freguesia de SANTA JUSTA do número 2 a 20, à freguesia da ENCARNAÇÃO do número 22 em diante.
Começa na Calçada do Carmo no número 49 e termina no Largo Trindade Coelho.
Esta calçada, assim chamada em honra do Duque do Cadaval que tinha o seu Palácio perto, era eixo de ligação privilegiada entre a zona "chique" da cidade, o picadeiro das famílias distintas que se passeavam entre o miradouro de S. Pedro de Alcântara e o Adro de S. Roque (hoje Largo Trindade Coelho) e a zona boémia do Rossio.
Na época a Calçada do Duque começava em S. Roque e prolongava-se até ao Rossio. Hoje em dia a direcção dos números foi alterada, começando de baixo para cima.
De destacar, a muralha Fernandina que se confunde com a Rua, o antigo Palácio de Niza logo à esquerda de quem começa a descer, hoje pertencente à Santa Casa da Misericórdia, e o grandioso edifício em baixo à direita de quem vem do Rossio, com história posterior ao Terramoto, (pincelaremos de seguida), e que desde 1927 pertence à CP (Combóios de Portugal), que lhe deu o aspecto actual.
Francisco José Caldas Aulette aforou à família Niza o terreno contíguo ao Palácio repleto de ruínas e barracas, rescaldo do Terramoto e aí construiu um Palacete e várias moradias, recuperando a muralha e dando ao local um aspecto aprazível.
Nessas casas moraram nomes conhecidos da nossa história, como António Feliciano de Castilho e os seus filhos Augusto, Júlio e o padre poeta Augusto Frederico de Castilho; o escritor António da Silva Túlio, genro de Aulette, o Conde de Charanges-Lucotte, empresário do S. Carlos.
Em 1863, António Florêncio dos Santos adquiriu toda a propriedade a Aulette, que foi completamente transformada para nela instalar a Escola Académica.
A Escola Académica (1847-1977), antes de ter a sua residência na Calçada do Duque, já tinha funcionado no Rossio, na Rua Garrett e ainda no Palácio dos Condes de Tomar.
A Escola Académica, inaugurava a 8 de Janeiro de 1865 na Calçada do Duque, com a presença da família Real, um edifício de quatro andares construído de raíz.
Esta Escola foi pioneira no nosso país ao reunir valencias de instrução primária, secundária e profissional, num mesmo estabelecimento de ensino.
Em 1927 é transferida para o Monte Agudo, à Penha de França. Mais tarde vai passar a funcionar num edifício no Conde Barão, que a acolheu durante as suas últimas tres décadas de funcionamento, encerrando definitivamente no ano de 1977, (após cento e trinta anos de vida a ensinar) ficando registado pelo seu percurso uma condecoração em 1947, com a Ordem de Instrução Pública.
Quase desaparece a memória do célebre Palacete de Aulette, não fôra um desenho deixado por Castilho!
Com a construção da Estação do Caminho-de-ferro, a ligação da Calçada do Duque ao Rossio foi cortada, substituida depois por escadas e rampas.
No outro extremo da calçada existia um pedaço de muralha da cidade, que naquela época, enquadrava o seu início.
Era a famosa Torre de Álvaro Pais com seu Arco e Postigo conhecido pela porta de S. Roque, pois tinha no topo uma imagem desse Santo.
Tudo isto foi destruído em 1836 para rasgar a Rua Nova da Trindade dando mais espaço ao Largo, que foi ganhando o aspecto de hoje, com o nome de Largo Trindade Coelho.
O Palácio Niza afectado pelo Terramoto, nunca mais foi habitada pela família que optou por alugar algumas alas.
Numa delas, segundo Júlio Castilho, no seu "Bairro Alto", existiu o famoso alfarrabista António Henriques, que seu pai frequentava, e que espalhava os livros em montes no meio dos quais se descobriam verdadeiras raridades.
O Teatrinho novo do Bairro Alto também funcionou num desses espaços alugados e lá se estreou a peça de Garrett "Catão", em 1821.
Em meados do século XIX a calçada foi suavizada por escadas aí adaptadas, sendo a partir de então, muitas vezes referida como as «Escadinhas do Duque», de que toda a gente já ouviu falar.
In http://aps-ruasdelisboacomhistria.blogspot.com/2008/02/calada-do-duque.html
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