25 junho 2010

O Homem e a Máquina

À técnica seria absurdo que a recusássemos, lhe recusássemos a espantosa facilitação da vida, por mais que a essa vida ela perturbe - como aos seus doutrinadores.
Uma máquina é pura, desde a inocência com que se nos revela, ou seja precisamente a exterioridade em que se nos dá.
Mas uma inocência é uma abertura à realização do que o não é.
O destino de uma máquina tem o destino que lhe dermos, e um dos piores é o finalizá-la nela própria.
Assim e para lá da criação do seu próprio espaço, por uma máquina, da alteração que a sua própria existência em nós promove, todo o problema se decide no lugar-comum desta alternativa: remeter a máquina ao homem ou degradar o homem à máquina.

Vergílio Ferreira
in 'Invocação ao Meu Corpo'

Sem comentários: