OLIVA - Indústrias Metalúrgicas, S.A.OLIVA
Princípio, meio e triste fim da que foi uma das industriais mais emblemáticas do nosso país, chegando a ter mais de 3.300 funcionários...
Em S. João da Madeira, então, capital do chapéu em Portugal e nº 3 a nível mundial, era fundada em 1925 como “Indústrias A. J. Oliveira, Filhos & Cª. Lda”.
A Oliva que começou por dedicar-se à indústria de fundição, serralharia, serração e carpintaria mecânica. Quatro anos depois ocupava uma área de 2.700 metros quadrados e empregava 20 trabalhadores, que produziam sobretudo alfaias agrícolas, forjas portáteis e material para a indústria chapeleira.
Em 1934 chegavam à Oliva os fogões de cozinha, ferros de engomar, radiadores e tornos de bancada, e em 1948 era inaugurada a fábrica das máquinas. Nessa altura inicia-se também a produção de ferro fundido maleável, a que se segue o fabrico de tubos em 1945, de motores de explosão de pequena cilindrada em 1963 e de material para lavandaria em 1964.
Cinco anos mais tarde, a empresa passava a sociedade anónima - Oliva, Indústrias Metalúrgicas SA - e é adquirida pelo grupo norte-americano ITT - International Telephone and Telegraph Corporation.
A produção de componentes de torneiras, sómente para exportação, em “joint-venture” com a empresa alemã ‘Friederich Grohe’, também do grupo ITT, começava em 1972 e, no ano seguinte, a Oliva chegava aos 90.000 metros quadrados e 3.363 funcionários. As suas máquinas de costura OLIVA lideraram o mercado nacional durante décadas.
Depois de ter fabricado componentes para torneiras alemãs da marca “Frederich Grohe” é criada a marca de torneiras "Oliva", nos anos 80 para o mercado nacional, utilizando os modelos da da marca alemã (actualmente “Grohe”) sob licença, e junta-se a outras marcas de prestígio como "Zenite", de Lisboa e pertença do grupo Mello (esta desde
os anos 90 pertença de António Saraiva, actual presidente da CIP), "Hei", de Valadares e também do grupo Mello (extinta nos finais dos anos 90 e integrada na Zenite) e "JAS", do Porto, entre outras, dominando as quatro o mercado nacional no sector, durante muitos anos até á entrada de Portugal na Comunidade Europeia … mais de 30 anos.
A ‘Oliva - Indústrias Metalúrgicas, S.A.’ é nesta altura líder do mercado em tubos e acessórios em ferro galvanizado, e em ferro "preto", num mercado em que existiam também neste segmento de producto a ‘Ferpinta’ e ‘Oliveira & Ferreirinha’ (OIF). Destes três fabricantes só um sobreviveu a ‘Ferpinta - Ind. Tubo Aço de F.P.T. S.A.’ que se situa em Carregosa , Vale de Cambra.
Em 1985 regressava a accionistas portugueses, destacando-se João Cebola, que compra a ‘Oliva - Indústrias Metalúrgicas, S.A.’ à multinacional ITT por 1 dólar, e sucedem-se diversas reformulações: nesse ano a empresa passa a chamar-se ‘Oliva Trade - Importação e Exportação Lda.’.
Com fundos estruturais do PEDIP I, a metalúrgica conclui em 1993 a modernização das fundições.
Em 1995, a pujança começa a esbater-se, define-se um plano de viabilização e a empresa passa a chamar-se ‘Buciqueira’, gerida por uma sociedade de credores com o Estado a comandar.
Ludgero Marques, dono da Cifial (fábrica de torneiras e ferragens de luxo, para portas, cujo mercado era quase exclusivamente de exportação) e então presidente da AEP, entra em cena em 1997, ao comprar a fábrica de torneiras da Oliva por 600 mil euros, com a contrapartida dessa produção sair da metalúrgica.
A marca de torneiras ‘Oliva’ desaparece e é substituída pela sua ‘Cifial’. Em 2004, e após mais um processo de insolvência, o grupo Suberus, com investimentos na cortiça e imobiliário, compra a Oliva por 1,5 milhões de euros, seis anos depois de ter adquirido a fábrica de tubos metálicos da Oliva por 360 mil euros.
A empresa surge como ‘Novolivacast’ e a administração avança com capital e estratégias como o reforço no mercado externo, reajuste nos equipamentos e a redução de trabalhadores.
Cinco anos depois, em Agosto do ano passado, a administração da Oliva, nas mãos da Suberus, pede a insolvência para "garantir a sua viabilidade económica". Em Maio, tinha já recorrido ao lay-off que atingiu 178 dos 198 trabalhadores.
Encerra definitivamente em 15 de Abril de 2010, tendo sido declarada a sua insolvência.
Em 2009, a Câmara Municipal de São João da Madeira adquiriu parte das instalações da antiga metalúrgica Oliva, um dos símbolos industriais da cidade.
Para este local, foi recentemente aprovado financiamento para um projecto de 9,2 milhões de euros que, em conjunto com a Casa das Artes e da Creatividade (já em construção), pretende revolucionar culturalmente a cidade nos próximos anos. Irá ser instalado no espaço um Centro de Arte Contemporânea, para o qual a autarquia já dispõe de uma colecção privada, recentemente doada, de mais de 1000 obras de autores reconhecidos como Júlio Pomar, Paula Rego, Maria Helena Vieira da Silva e Árpád Szenes.
in. Blog “Restos de Colecção” - fotos Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian
JJ edição fotos