15 setembro 2009

Pintura

Santa Rita Pintor 1887-1918
Amadeu de Souza-Cardoso 1889-1918

Dois pintores Portugueses com destinos muito paralelos.
Nascidos com dois anos de diferença, deixaram-nos precocemente, três décadas decorridas e no mesmo ano.


Guilherme de Santa-Rita ou Santa-Rita Pintor
Lisboa 1889 - Lisboa, 29 de Abril de 1918

Foi um pintor e escritor português, considerado o introdutor do Futurismo em Portugal.
Guilherme Augusto Cau da Costa de Santa Rita, mais tarde passaria a chamar-se apenas, Santa Rita Pintor.

Em 1910 foi bolseiro na Academia de Belas Artes de Paris, posição que perdeu devido às suas ideias monárquicas e às más relações com o embaixador de Portugal João Chagas.

Regressado a Lisboa em 1914, planeia publicar o Manifesto Futurista de Filippo Tommaso Marinetti em português, tarefa que nunca realiza, apesar da autorização do autor.

Santa-Rita Pintor, aparece como personagem, na novela de Mário de Sá Carneiro "A Confissão de Lúcio", 1914.

Em 1915, publicou quatro desenhos, na segunda (e última) edição da
Revista Orpheu:
Estojo científico de uma cabeça-aparelho ocular-sobreposição dinâmica visual-reflexos de ambiente X luz.

Composição estática interior de uma cabeça-complementarismo congénito absoluto
Síntese geometral de uma cabeça X infinito plástico de ambiente X transcendentalismo físico
Decomposição dinâmica de uma mesa-estilo do movimento.

Apenas resistiram duas das suas pinturas, todas as outras foram destruidas, segundo o seu desejo, pela sua família depois da sua morte.

São elas, Orfeu no Inferno (1907, colecção privada, não se conhecem reproduções) e Cabeça.

Em 1915, foi um dos organizadores de um grande congresso de jovens artistas e escritores em protesto contra a apatia da velha geração.

Em conflito com o grupo da revista Orpheu, publicou a sua própria revista Portugal Futurista, da qual só saiu um número no final de 1917, onde aparecem quatro reproduções de quadros seus.

Morreu em 1918, no mesmo ano que Amadeo de Souza-Cardoso, marcando o fim da primeira fase do modernismo português.


Amadeu de Sousa Cardoso
Manhufe, freguesia de Mancelos,
Amarante, 14 de Novembro de 1887 - Espinho, 25 de Outubro de 1918

Foi um pintor português, precursor da arte moderna, prosseguindo o caminho traçado pelos artistas de vanguarda da sua época. Embora tendo tido uma vida curta, a sua obra tornou-se imortal.

Vida
A sua família era rica e influenciou-o a ingressar no curso de Direito na Universidade de Coimbra.

Depressa desistiu do curso e mudou-se para o curso de Arquitectura na Academia de Belas Artes de Lisboa em 1905.

O curso não satisfaz o seu génio criativo, por isso parte para Paris em 1906, instalando-se em Montparnasse com a intenção de continuar a estudar.

As suas primeiras experiências artísticas conhecidas foram desenhos e caricaturas.
Depois, dedicou-se à pintura.

Poder-se-á dizer que foi um pintor impressionista, expressionista, cubista, futurista, mas sempre recusou qualquer rótulo.
Apesar das múltiplas influências, procurava a originalidade e a criatividade na sua obra.

Em 1908, instala-se no número catorze da Cité de Falguière.
Frequentou ateliers preparatórios para a Academia das Beaux-Arts e a Academia Viti do pintor catalão Anglada Camarasa mas, apesar disso, não chegou a ser admitido.

Em 1910, esteve alguns meses em Bruxelas e, em 1911, expôs trabalhos no Salon des Indépendants, em Paris, aproximando-se progressivamente das vanguardas e de artistas como Amedeo Modigliani, Constantin Brancusi, Alexander Archipenko, Juan Gris e Robert Delaunay.

Em 1912, publicou um álbum com vinte desenhos e, em seguida, copiou o conto de Gustave Flaubert"La Légende de Saint Julien l'Hospitalier", trabalhos ignorados pelos apreciadores de arte.

Depois de participar com oito trabalhos numa exposição realizada em 1913 no Armory Show (Estados Unidos da América), voltou a Portugal, onde teve a ousadia de fazer duas exposições, respectivamente no Porto e em Lisboa.

Nesse ano, participou ainda no Herbstsalon da Galeria Der Sturm, em Berlim. Em 1914, encontra-se em Barcelona com Antoni Gaudíe parte para Madrid, onde é surpreendido pelo início da I Guerra Mundial.

Regressa então a Portugal, onde inicia uma meteórica carreira na experimentação de novas formas de expressão, tendo pintado com grande constância, ao ponto de, em 1916, expor no Porto, sob o título "Abstraccionismo", 114 obras, que serão também expostas em Lisboa, num e noutro caso com novidade e algum escândalo.

O cubismo em expansão por toda a Europa foi uma influência marcante no seu cubismo analítico.

Amadeu de Sousa Cardoso explora o expressionismo e, nos seus últimos trabalhos, experimenta novas formas e técnicas, como as colagens e outras formas de expressão plástica.

Em 25 de Outubro de 1918, aos 31 anos de idade, morre prematuramente em Espinho, vítima da "pneumónica" que grassava em Portugal.


Em 1925, a França realizou uma retrospectiva do pintor, com 150 trabalhos, bem aceites pelo público e pela crítica.

Dez anos depois, em Portugal, foi criado um prémio para distinguir pintores modernistas, que recebeu o nome de "Prémio Souza-Cardoso".

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JJ edição fotos

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