22 fevereiro 2009
Varandas e Poema de Lisboa
Varandas e Poema de Lisboa
Lisboa que comigo acorda
oiço o vento, arrebata-me para olhar o rioesse rio tão nosso e tão azul
olho-o e mais me parece um braço de mar
na imensa paleta que nele se desenha
desenhos de encantos e invenções
dos nossos navegantes antigos e de hoje
num abraço fraterno de descobertas imensas
das dores e de alegrias
mas sempre cheios de amores
as casas com as conchas e as cordas
para sempre nos lembrar o sal
os búzios onde aprendemos a ouvir os sons de águas distantes
em fantasias marítimas que mais não são
do que as nossas músicas de ninar
embalada pela cantiga do vento
num dia de sol amarelo e laranja
passeio à beira do Tejo e
nele deposito o meu ver de quem quer encontrar
Sento-me e como um pastel de belém
comprei-o na fábrica ali mesmo em Belém
no meio de paredes cheias de azulejos do século XVIII
figuras e desfiguras em tons de azul,
nem sei quantas salas são, uma, duas à esquerda
três, quatro , cinco, seis à direita
e as fornadas não param de sair
lembro-me da Matilde hoje ela não veio
gostamos de tomar um moscatel e comer um pastel
sentada perto da gigante rosa dos ventos
sinto o que é partir mais uma vez
retornar sempre, na poesia desta cidade
que me ilumina, na sua luz e nas suas sombras
Tempos houve que partiram para novos mundos
foram para ocuparem territórios
fazerem fortuna, realizarem sonhos
também foram para guerrear outros povos
as mulheres portuguesas ficavam
viram os seus homens embarcarem
para novas vidas e para várias mortes
nas dores da perda e na coragem
Antes, há alguns séculos, na volta os que voltavam
traziam-lhes panos de novas cores
especiarias e histórias sem fim de terras fantásticas
depois, há dezenas de anos, na volta os que voltavam
traziam-lhes histórias de guerra e morte, loucuras, demências
outros houve que voltavam com histórias de novas culturas
de terra quente e fértil, horizontes maiores e regressavam
agora como emigrantes em terras de África
mais tarde expulsos da terra do sol, voltaram chorosos
nunca saberemos as suas verdadeiras histórias
certa apenas do encanto dessas longas terras africanas
muitos foram os que emigraram para a europa
américas, ásia e por esse mundo afora
somos um povo de viajantes livres e forçados
Lisboa assiste a todas as partidas
empresta-nos um dos seus mistérios
o de sabermos que voltaremos
Subo algumas ladeiras para ir
ao castelo e dele ver os barcos
mais logo comer umas sardinhas assadas
nas festas populares
iremos dançar e sorrir
da cidade de namoros e encantos
no fado vadio que nos embala de noite
a beber um vinho
Descemos e vamos para a região ribeirinha
cheia de bares e restaurantes
passeamos à noite nas luzes e maresias
Esta cidade de sobe e desce
num ritmo de telhados, azulejos, pedras
praças e bancos de rua
ainda existem bebedouros
e miradouros também
Há praça que se chama das Flores
príncipe real também há
trindade e os seus bifes
sete rios e os seus animais
amoreiras e a pintora Vieira da Silva
na roma vamos à barata comprar livros
na praça de londres lemos o jornal
a av de paris levava-me a casa
também temos estradas
como da luz e a de benfica
em Belém os nossos Jerónimos
e centro cultural lindo só por dentro
a nova ponte que não vai para a índia
os cacilheiros lembram-me sempre as bolas de berlim
e as castanhas assadas
no campo grande a 111
a biblioteca nacional e um parque
nas linhas de torres vamos aos novos bairros
e a alguns mais velhos
No arieiro, não há mais areia
mas existem bons restaurantes e de peixe
na João XXI antes da praça de espanha
passeio nos jardins da gulbenkian
e o fabuloso museu que lá está assim
à nossa espera sempre ótimo
e o das janelas verdes
Não vou continuar neste meu desassossego
escrevo-te a ti lisboa aqui do outro lado do oceano
certa que me ouvirás nesta canção
trago-te em mim no meu sono mais doce
na minha faceta mais inventiva
Poema - Constança de Almeida Lucas
JJ edição fotos
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